quarta-feira, 24 de novembro de 2021

Ao partir estarei preparado?


Quando chegar a minha hora... eu estarei pronto.
Marcelo Marani
O desconhecido não me assusta, tampouco me retém. O desejo de conhecer o novo, ainda que seja o vazio do nada, me instiga, me oprime e me lança.
As poucas coisas que juntei na vida não me prendem, pois não criei vínculos.
Os que me odiaram, ainda que se sintam presos a este ódio, não me acompanharão, pois partirei sem estigmas nem memórias do mal.
Quem me amou, partirá comigo, senão no fluido da continuidade, na lembrança doce recheada de luz.
Quando chegar a minha hora... irei em paz.
Como uma música que chega ao fim, uma brisa que se foi, um sorriso que ficou.
E se saudades eu sentir, é porque de tudo, alguma coisa valeu.
Os meus passos se apagarão na estrada. As minhas palavras silenciarão no tempo. Tudo o que eu fiz, inexoravelmente ruirá. O meu túmulo, se tiver um, também se despedaçará.
Porque tudo tem sua hora, seu tempo, seu momento. Quando chegar a minha, que não reste uma lágrima em rosto algum, porque onde a vida continua, seja em que estrada for, lá estarei eu a caminhar sem olhar pra trás.

E se algo restar de todas as coisas que fiz e falei, que seja a lembrança dos bons momentos, das risadas, dos almoços e das poesias. Porque todo o resto... se apagará para sempre. 

Alfio Bogdan - Físico e Professor - analista de acidentes envolvendo veículos

quinta-feira, 4 de novembro de 2021

Curso gratuito com o professor Lejeune Mirhan #Aula1

Queridos/as amigos/as boa noite! Inicio nesta quinta-feira, às 

15h uma nova caminhada intelectual e um novo desafio: farei 

um curso de duas horas semanais sobre a vida e obra de 

Friedrich Engels. Sabemos a data que se inicia, mas não sei 

quando ele terminará. Isso porque pretendo ministrar até duas 

horas semanais de aulas, mas como o projeto do curso engloba 

depois que falar de toda a sua vida, comentar os nove livros que 

ele escreveu (três com seu amigo Marx, de 40 anos e seis sozinho), 

fazer uma espécie de sinopse. No curso anterior sobre a vida de 

Lênin, mais ou menos com o mesmo número de obras (uso as 

traduções para o português do Brasil), precisei demais ou menos 

40 horas. O curso será livre, sem obrigatoriedade de frequência, 

sem inscrições, gratuito e sem certificação... é para quem quer 

ampliar horizontes e conhecimento, que terei mais prazer e 

alegria em reparti-los, ainda que saiba de minhas limitações 

intelectuais... como um bom socrático, "só sei que nada sei"... a 

partir dos meus roteiros e manuscritos, já posso dizer que o 

curso é o embrião de um novo livro - o terceiro da coleção "Para 

Principiantes" - da minha pequenina editora Apparte, que será 

"Engels para Principiantes", previsto para ser lançado no 

primeiro semestre de 2022... contarei com o apoio de todos/as 

vocês para mais esta caminhada... peço que me ajudem no 

compartilhamento deste link... abraços 

do Prof. Lejeune Mirhan.

segunda-feira, 1 de novembro de 2021

dan2010: Mais uma vez o senhor envergonha o Brasil, preside...

dan2010: Mais uma vez o senhor envergonha o Brasil, preside...: "Mais uma vez o senhor envergonha o Brasil, presidente. Repudiado por governantes do mundo inteiro, em cada evento de chefes de Estado ...

Mais uma vez o senhor envergonha o Brasil, presidente. Repudiado

"Mais uma vez o senhor envergonha o Brasil, presidente.

Repudiado por governantes do mundo inteiro, em cada evento de chefes de Estado o senhor mostra que o País foi relegado a uma situação de um pária na comunidade internacional.

Na reunião do G-20 neste fim de semana, mais uma vez, o senhor foi obrigado a ficar pelos cantos, como aqueles convidados indesejados a quem ninguém dá atenção.

Como reação, age como um troglodita, hostilizando e estimulando agressões a jornalistas que lhe fazem perguntas corriqueiras.

É de dar vergonha.

Na cerimônia de abertura do evento do G-20, no sábado, o primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, cumprimentou os chefes de Estado e de governo com um aperto de mão, mas o evitou claramente, fato devidamente registrado pela imprensa italiana. Não quis ser fotografado ao seu lado.

Mas as coisas não ficaram por aí.

Percebendo que era quase um penetra na festa, o senhor preferiu não aparecer para a foto oficial com os estadistas do mundo inteiro. Sentiu a rejeição generalizada.

Tampouco sentiu-se à vontade para participar do passeio organizado pelo governo italiano para os líderes do G20, que tiraram fotos jogando moedas na Fontana di Trevi, tradicional ponto turístico de Roma.
Mas o vexame e a vergonha foram maiores. Não pararam por aí.
Seus seguranças agrediram jornalistas brasileiros e roubaram seus equipamentos em represália a perguntas simples sobre as razões pelas quais o senhor não cumpriria a agenda comum aos demais chefes de Estado.

Repórteres da TV Globo e do jornal “Folha de S. Paulo” e um colunista do Uol foram à delegacia de polícia formalizar queixa das agressões praticadas por seus seguranças. Foi, talvez, um acontecimento inédito.
Mesmo assim, o senhor e os demais membros de sua comitiva, aí incluídos representantes do Itamaraty, foram incapazes de uma palavra de desculpa aos profissionais que estavam apenas trabalhando. Ao contrário, continuaram hostilizando os jornalistas brasileiros.
A ABI mais uma vez faz o registro: com o seu comportamento avesso à democracia e com ataques constantes à imprensa e ao trabalho dos jornalistas, o senhor estimula essas agressões. Assim, torna-se também responsável por elas.

E, como numa bola de neve, elas só aumentam seu isolamento e o repúdio que o senhor recebe da comunidade internacional.
Pior, o isolamento não é só seu. Atinge e envergonha o país que o senhor representa.

O senhor está tornando o Brasil um pária na comunidade internacional, presidente.

Tenha compostura.

Paulo Jeronimo

Presidente da Associação Brasileira de Imprensa".

quarta-feira, 13 de outubro de 2021

O RELIGIOSO, O EDUCADOR E O OPERÁRIO

 Texto do amigo  Martinho Condini*

         Em 1909, 1921 e 1945, nos estados do Ceará e Pernambuco nasceram três crianças em famílias humildes, e enfrentaram os problemas típicos das famílias brasileiras: esforço para o sustento da família, criação e formação escolar dos filhos.

         Cada um desses jovens seguiu o seu caminho a partir de suas realidades sociais, histórias de vida e lugares de fala.

         A história do Religioso, do Educador e do Operário nos serve de exemplo, primeiro pela dificuldade de serem compreendidos pela sociedade brasileira, principalmente a elite. Segundo pela perseguição que eles enfrentaram dos seus opositores, no campo religioso, educacional, sindical e político. E terceiro pelo legado que nos deixaram a partir de seus feitos em prol do povo brasileiro.

         O mais incrível é que as pessoas que discordam das ideias e práticas de um dos três consequentemente não aceitam também as dos outros dois. Isso reforça a similaridade que os três tiveram em seus protagonismos na sociedade brasileira.  

         O Religioso, miúdo de gestos largos e fala forte e incisiva, fez da sua vida uma luta em favor dos pequeninos, como gostava de chamar os excluídos oprmidos da nossa sociedade.

          Na década de 1920, na cidade de Fortaleza criou o primeiro sindicato de trabalhadoras mulheres (empregadas domésticas) do Brasil.

         Na cidade do Rio de Janeiro, entre às décadas de 1940 e 1950, idealizou e fundou a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e também teve participação direta na criação da Conferência Episcopal Latino (CELAM). Foi a principal voz latino americana e brasileira no  Concílio Vaticano II (1962-1965), uma das principais vozes na Conferência Episcopal Latino Americana de Medellín (1968), um dos precursores da criação da “Igreja do Pobres”, das “Comunidades Eclesiais de Base” (CEBs), da corrente teológica “Teologia da Libertação”. Criou a Cruzada São Sebastião, conjunto habitacional com 10 prédios, que na época abrigou os moradores da favela Praia do Pinto e Morro Azul, no bairro do Leblon. Fundou a Cáritas brasileira, criou o Banco e a Feira da Providência, a Comunidade de Emaús e participa da organização do Movimento de Educação de Base (MEB).

         Em 1964, enquanto ocorria o golpe militar, o Religioso era transferido para cidade de Recife, onde permaneceu até o seu falecimento em 1999.   

         Em Recife, foi o idealizador e fundador do “Movimento Esperança”, uma ação orquestrada por ele para ajudar as pessoas mais necessitadas e excluídas de Recife, grande Recife e posteriormente expandiu-se para outras regiões do estado de Pernambuco.  

         O Religioso se tornou a mais importante voz contra o regime ditatorial no Brasil. Foi o primeiro brasileiro a falar no exterior que no Brasil havia censura, tortura e morte. Foi calado por quase dez anos; os militares impediram que os órgãos de imprensa o entrevistassem ou mencionassem o seu nome. Sua voz foi calada no Brasil, mas ecoou mundo a fora, tornando-se “a voz de quem não tem voz”. A igreja onde morava foi metralhada por várias vezes. E ele não foi assassinado pela ditadura porque era uma liderança conhecida nacional e mundialmente pela sua incansável luta por justiça social e pelos direitos humanos. Por quatro vezes seguidas, por intervenção do Itamarati, não recebeu o “Prêmio Nobel da Paz”.   

         O Religioso foi a principal liderança da igreja católica progressista no Brasil e na América Latina na segunda metade do século XX.

         O Educador, também sensível às causas sociais, principalmente no que se refere à educação e alfabetização de jovens e adultos; no final da década de 1950, por meio de sua  práxis pedagógica realizou com outros educadores um processo de alfabetização de adultos na cidade de Angicos, no Rio Grande do Norte. Esse processo criado e coordenado pelo Educador foi revolucionário, sendo até hoje pesquisado e praticado por muitas educadoras e  educadores no Brasil e outros países.   

         O processo de alfabetização criado pelo Educador tem como base uma educação libertadora, onde a leitura de mundo das crianças, jovens e adultos é o princípio para a conscientização dos mesmos e consequentemente realizarem a transformação da sociedade e a de si mesmos, saindo da condição de oprimidos e excluídos.

         Por isso, o governo brasileiro, entre os anos de 1963 e 1964, convidou o Educador a coordenar e implantar o Programa Nacional de Alfabetização (PNA), com o intuito de alfabetizar milhões de brasileiros.

         Mas, assim que ocorreu o golpe militar em 1964, e instaurada a ditadura, o programa de alfabetização foi abortado e o Educador foi exilado do Brasil, retornando apenas em 1980. Neste período de dezesseis anos trabalhou no Chile, Estados Unidos, Suíça e vários países da África, aplicando a sua práxis alfabetizadora.

         Neste período escreveu vários livros. Um deles se tornou o esteio de sua filosofia e prática educacional, “Pedagogia do Oprimido”, que atualmente é o terceiro livro mais lido no mundo na área das ciências humanas.

         Após o seu retorno ao Brasil, construiu um legado a partir da sua prática como educador, professor universitário, pensador da educação e escritor. A sua maneira sempre muito amorosa, sincera e cativante de lidar com as pessoas foi algo peculiar.

         Hoje,o Educador é reconhecido mundialmente. Vários países adotam suas práticas educacionais para formar as suas crianças, jovens e adultos. Mesmo após o seu falecimento em 1997, ele inspira milhares de educadoras e educadores do Brasil e do mundo. Atualmente é o patrono da educação brasileira e indiscutivelmente foi o mais importante educador do Brasil.  

         O Operário teve a mesma história de milhões de nordestinos. Ainda criança vem com sua mãe e irmãos, de pau de arara, para São Paulo. Na infância pobre, ajudou no sustento da família, trabalhou como vendedor de amendoim, laranja, auxiliar de tinturaria, telefonista e bicos como engraxate. Adolescente, faz um curso de torneiro mecânico e torna-se operário da indústria na grande São Paulo.  E assim foi seguindo a sua vida, constituindo família, criando filhos e sempre na luta pela sobrevivência.

         Ao final da década de 1960, despolitizado, ingressou na diretoria do sindicato da sua categoria profissional.  Mas no decorrer dos anos foi compreendendo a relação de exploração entre  capital e trabalho. 

         Em 1975, em plena ditadura militar se torna presidente do sindicato e junto com outros companheiros constrói um “novo sindicalismo”. Um sindicalismo de luta em defesa da classe trabalhadora.

         Ao final da década de 1970 e começo da década de 1980, lidera as maiores greves de trabalhadores da história do Brasil na região do ABC na grande São Paulo, assembléias com mais de 150 mil trabalhadores, em um período em que greves de trabalhadores eram proibidas.

         A truculência do regime lhe custou várias prisões, mas isso não o fez esmorecer, e a sua luta pela melhoria das condições de trabalho refletiu em outras categorias profissionais.      Tornou-se uma liderança nacional para as trabalhadoras e trabalhadores deste país. 

         No início da década de 1980, o Operário percebe que a sua luta não era mais apenas ao lado da sua categoria profissional, mas uma luta a favor dos oprimidos e excluídos da sociedade brasileira. Então funda um partido político, o Partido dos Trabalhadores (hoje o maior partido progressista de esquerda do mundo), com o apoio de operários, camponeses, sindicalistas, intelectuais, representantes da igreja progressista, militantes de esquerda e de movimentos populares.

         O Operário se tornou a principal liderança política do Brasil dos últimos 40 anos em nosso país. Após quatro eleições presidenciais, tornou-se presidente da república por dois mandatos seguidos; em 2002 eleito com mais de 52 milhões de votos e em 2006 com mais de 58 milhões votos. Em seu governo, o Brasil, que era a 13ª potência econômica do mundo, tornou-se a 6ª, segundo o banco mundial. Também, em seu governo foi instituída a maior política de inclusão social da história desse país, possibilitando a milhões de pessoas ter um emprego, tomar café da manhã, almoçar e jantar com suas famílias. Além disso, fez com que mais de 36 milhões de pessoas saíssem da condição de miseráveis e milhares de jovens ingressassem no ensino superior e conquistassem melhores empregos e condições de vida.

         O Operário com seu carisma, sua sensibilidade e inteligência, tornou-se o mais popular e melhor presidente da história da nossa república.

         Estou convencido que esses três arrochados nordestinos, o Religioso Dom Helder Camara, o Educador Paulo Freire e o Operário Luiz Inácio Lula da Silva, oriundos de uma mesma raiz, estão irmanados pela mesma nordestinidade caracterizada pela coragem, valentia, caráter e perseverança.

         A busca de cada um deles pela justiça social, pelos direitos humanos, pelo respeito ao outro e pela dignidade para todos os pequeninos, oprimidos e excluídos, brasileiros e latino americanos, sintetiza o primor desses três arretados personagens da nossa história.

         Enfim, Helder, Paulo e Lula têm consigo a verdadeira brasilidade e o esperançar na construção de um Brasil genuinamente brasileiro. Protagonistas na história da igreja, da educação, do sindicalismo e da política brasileira, eles merecem todo o nosso respeito. Viva a liberdade, a democracia e os brasileiros comprometidos com o nosso povo!

 * O Prof. Martinho Condini é historiador, mestre em Ciências da Religião e doutor em Educação. Pesquisador da vida e obra de Dom Helder Camara e Paulo Freire. Publicou pela Paulus Editora os livros 'Dom Helder Camara um modelo de esperança', 'Helder Camara, um nordestino cidadão do mundo', 'Fundamentos para uma Educação Libertadora: Dom Helder Camara e Paulo Freire' e o DVD ' Educar como Prática da Liberdade: Dom Helder Camara e Paulo Freire. Pela Pablo Editorial publicou o livro 'Monsenhor Helder Camara um ejemplo de esperanza'. Contato profcondini@gmail.com 

domingo, 10 de outubro de 2021

dan2010: QUANTO VALE NOSSO TRABALHO?

dan2010: QUANTO VALE NOSSO TRABALHO?:   Quanto vale nosso trabalho? É inevitável a comparação e é claro que não quero minimizar o trabalho de ninguém, mas mostrar como o dinheiro...

QUANTO VALE NOSSO TRABALHO?

 

Quanto vale nosso trabalho? É inevitável a comparação e é claro que não quero minimizar o trabalho de ninguém, mas mostrar como o dinheiro não vale nada e não compra mais nada!

Estamos sim no pior momento de todos os tempos e só não vê isso quem não trabalha e quem não paga as contas.

Posso falar por mim e por parte de minha profissão! Há quanto tempo nossos exames, procedimentos, valores de consultas não são atualizados? E seu convênio médico? Sofre reajustes? Sua luz? Seu telefone? É certo que sim! Pois bem! O meu também!

Uma consulta razoavelmente paga por um convênio gira em torno de 70 a 80 reais. Tire daí os impostos que pagamos que são em torno de 15 a 27% se for como pessoa física! Sabe quanto pago para fazer as unhas aos sábados? Sessenta e nove reais!

Um estudo urodinâmico que leva quase uma hora para ser feito e estuda a função do trato urinário inferior, feito normalmente por um médico urologista e uma enfermeira, paga pelo convênio em torno de 90 a 100 reais. Uma pizza de mozzarella com calabresa de uma boa pizzaria da cidade junto com uma coca, sai em torno de 92 reais! O SUS nos paga 7 reais pelo exame!

Uma urofluxometria de convênio que avalia o jato miccional de pacientes em acompanhamento de sintomas do trato urinário inferior, paga 30 reais! Ops!!! Não dá para pagar nem só as mãos na manicure! Porque tem que descontar o imposto ainda!!!

Algumas cirurgias que passamos as vezes toda uma tarde esperando no centro cirúrgico para fazer, pagam em torno de 300 a 400 reais! Sabe quanto custa fazer umas mechas no cabelo? Pelos menos 350!!!

Sabe quanto é uma faxina? Se eu fizer um estudo urodinâmico não pago a faxineira!

Sim!!! Não estou diminuindo o trabalho de ninguém! Estou mostrando como diminuíram o nosso! Como nos reduziram a nada! Fora o desrespeito a que somos submetidos por alguns pacientes que acham que “pagam os nossos salários” porque pagam os convênios!

Pois é! Por isso que volto a questão anterior! Esse não é definitivamente o valor de meu trabalho! De quase 27 anos de medicina. De mais de 20 anos trabalhando na mesma Instituição! De tantos anos de dedicação, de horas e horas estudando, de constantes reciclagens, de aprimoramentos que não cessam e nem podem cessar! Doutorado! De horas deixando a família, de noites sem dormir em casa ou desmaiar em vez de dormir.

Nao! Este não é o valor de meu trabalho! Ele não se baseia no dinheiro que ganho senão nao valeria nada! O valor de meu trabalho está no sorriso do paciente que gosta de mim mesmo sabendo que as vezes me atraso, daqueles que chegam com um doce, um presentinho no final do ano, ou passam só para dar um abraço porque faz tempo que não me vêem! Que passam ou ligam para saber como estou mesmo sabendo que a médica sou eu!

O valor do meu trabalho está em cada ex-residente que sai daqui e ganha o mundo e fica muito melhor que eu, que segue a vida e acaba gostando ou pelo menos entendendo aquilo que eu faço só porque aprendeu bem, o pouco que sei. O boca a boca dos pacientes lá na sala de espera falando bem de mim e que depois alguém me conta!

Nós médicos somos como jogadores de futebol! Não se enganem! Os que ficam ricos, milionários, são poucos! A maioria joga na várzea ainda que jogue muito bem!

Não posso reclamar de reconhecimento! Sou reconhecida pelos meus pacientes e pela sociedade da especialidade e da profissão que represento e, sei que a pessoa mais importante de minha vida não só reconhece meu esforço como está seguindo a mesma profissão, por vontade própria e não imposicao o que é o mais importante para mim!

Para meu finalzinho ou para mais para frente ainda tenho alguns poucos planos e uma ideia que não é um barco em Angra e nem um apartamento na 5th Avenue! Quando puder e se puder, vou ser médica somente do SUS! Vou ficar na Instituição que sempre estive se assim permitirem até me aposentar ensinando aos mais novos aquilo que sei e ainda vou aprender e, aos que fizerem muita questão de minha opinião eu ajudo de algum jeito! Salário mesmo, vou querer mais é do governo que é quem tem a obrigação de oferecer saúde a todos que tem direito a ela sem ter que se matar ou deixar de comer para isso! O que não é nossa realidade.

De qualquer forma acho que estou mais pra lá que pra cá, mais pro fim que pro começo, mais pra “acabá” que pra “começá”! Mas estou na área ainda e a bola ainda está rolando, então... bora lá do jeito que dá!

(Original de Ana Paula Bogdan)

Alfio Bogdan - Físico e Professor - analise em acidente automobilístico